domingo, 22 de março de 2009

Sorria! Barcelona cheira 70.000 doses de cocaína por dia




Turistas europeos por atacado, latinos, asiáticos e kebab experts cheios de ilusión e ganas de trabajar não são os únicos estrangeiros que sentem-se em casa em Barcelona. Não é novidade que a cidade Condal também é playground de mafiosos italianos e quaisquer outras organizações criminosas que precisem de mercados consumidores sistêmicos para um de seus carros-chefe: a cocada boa. A Espanha hoje só perde para os EUA e Inglaterra no consumo mundial do pó.

Em informe de 2004 o European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction mostrou que a cocaína liderava o ranking como principal responsável por atendimentos de emergência nos hospitais da cidade. "En Barcelona, la recopilación de datos en las unidades de urgencias de los principales hospitales de la ciudad a lo largo de todo el año durante un período de tiempo más largo ofrece una visión exhaustiva de los ingresos hospitalarios debidos a reacciones a las drogas (Gráfico 10)."


Algo não cheira bem

Como a maioria das drogas a cocaína é liberada pelo organismo em forma de urina poucas horas depois de ser consumida. Por isso a metodologia utilizada pelo CSIC foi a análise do esgoto doméstico da cidade. Tranquilizantes, antibióticos e antinflamatórios também foram encontrados junto de 29 outros fármacos. Curioso como as entranhas de uma cidade podem revelar mais do que mal cheiro (ou precisamente isso).

Mas aqui o pó está debaixo do nariz de todo mundo, ou melhor, nas calles, nas ruas. Dada a legislação relax em relação ao porte de drogas de toda natureza na Espanha, em Barcelona elas são oferecidas quase que abertamente, principalmente em corredores turísticos como as Ramblas e ruas estreitas da cidade antiga.

No verão praias do Centro, como Barceloneta, são inundadas por prestadores de serviços ambulantes que invariavelmente oferecem três produtos e um serviço (não necessariamente nessa ordem): bebidas, massagem, hashish e cocada.






Praia de farlopeiros

Trabalhando numa reportagem sobre arte de rua, há uma semana acompanhei grupo de artistas em incursão noturna pelo Centro. Chamou atenção da turma o "trabalho" de pichadores que vêm cobrindo a cidade com a inscrição "farlopa". Obssessivamente rabiscada cidade afora, há rastros de farlopa em cada esquina. Em castelhano, Farlopa é gíria popular para cocaína. Se emprega onde a droga está presente - e a intensidade com que aparece nas paredes daqui é um termômetro do pó.

Barcelona é metrópole de camadas múltiplas e várias sobrepondo-se em dinâmica de transformação. A cidade é pólo que vai muito além do pó dos farlopeiros. E como em todo grande centro em ebulição, tribos radicalmente alheias umas às outras movimentam-se no mesmo espaço.

Grande parcela de moradores nativos vivem à parte do mundo hype de baladas cosmopolitas 24 horas, turismo low-cost e conflitos migratórios. Outros mergulham nele. Na cidade de pedintes trilíngues, há senhoras que ainda acreditam e frequentam eventos sem recursos multimídia chamado missas. Os muçulmanos shia seguem outro caminho.

Farlopa, obviamente, não tem religião e também não está no vocabulário dos panfletos que divulgam o turismo, indústria vital para a economia do país. O slogan oficial da cidade é  "Barcelona, posa't guapa". Em tradução ruim como ataque cardíaco, algo como "Barcelona, sorria para a foto!".


Edifícios oficiais de Barcelona emprestam banners para promotores da farlopa. Na foto, o Centro de Artesanato da Catalunha na Cidade Velha não fica de fora: Sinal para clientes que buscam mais que souvenirs

sábado, 21 de março de 2009

13 lições de filosofia (nível pré-sokrático)












Instaurado o Catalunhol, a mais nova língua oficial

Sem pedir benção aos beatos do Portunhol Selvagem, instauramos de vé el Catalunhol. Una nueva léngua parlat por tot la gent hablante de qualquer tip de Portunhol (Selvag ó nó) dy passaget por el paes Catalá.

Fundind elements del Italiano, Francês, Português, Galego, Portunhol e Catalá, la nuova léngua té como objetiu ampliar els canals de comunicació cosmopolita aquels tollids por questiós antigas dy idioms.

E teng dit!

Descoberta de petróleo no Centro, esculacho da polícia e previsões do futuro: A semana em Barça, babe



Onde tem petróleo, tem fogo. Não? Ora, olhe para o pessoal do leste. Aqui, o efeito do jorro (¡) do ouro negro bem no Centrão não só vai obrigar os camelôs itinerantes da estátua do Cólon a procurar sua turma, mas deixou a polícia (carinhosamente conhecida por Mossos d'Escuadra) em estado de espírito quarto-mundista.

Mas vamos por partes:

2 > Durante anos, do alto de torre de 60 metros ao sul das Ram-Ramblas (turistas + malandros + putanas + freedie + hash), a estátua de um orgulhoso Colombo tem apontado para frente distraindo a todos. Agora alguém resolveu olhar para baixo e encontrou petróleo aos pés do grande descobridor - convertido aqui em encobridor tras ocultar tamanha riqueza por anos. Calcula-se que quando as explorações atingirem força total, Barcelona vai abrir mão do turismo como indústria primordial para sua sobrevivência e dedicar-se full time aos combustíveis fósseis (uma mistura de gregos e romanos de safras antiqüíssimas, agora líquidos, negros e escorregadios).

4 > A polícia, os mossos, ora, desceram o cacete em estudantes, jornalistas e quem mais estivesse pela frente (ou por trás) em manifestação de universitários contra a polêmica reforma do sistema educacional Europeo (Plano Bologna, nada a ver com pizza, por enquanto). Investigações, arremesso de tintas, sindicatos e ¡oba-oba! são parte da repercussão que, como as filas do desemprego, não pára de crescer. (Links, links e mais links!)

7 >  O colapso como propulsor de revoluções sociais partindo de novas propostas arquitetônicas. Em sua quarta edição, o festival de arquitetura EME3 pretende investigar soluções inovadoras valendo-se de uma salada de instalações de estudantes (muitas) e a presença de pensadores (poucos) como o filósofo parisiense Gilles Lipovetsky (já disse, Paris, 1944).

Essa mescla de visões vem acontecendo no coração da cidade velha, o Raval, bairro que não é estranho a transformações radicais e demandas sociais urgentes em andamento.

Exageradamente considerado o Sonar da arquitetura, o EME3 numa primeira olhadela me pareceu mais uma competição de maquetes escolares (muito isopor e papelão, pouca inovação). A proposta que mais me chamou atenção foi a sarcástica idéia para uma cidade emergencial, a ser montada num transatlântico de luxo para abrigar cerca de 2000 pessoas quando a sociedade como a conhecemos finalmente pifar e a luz vermelha do salve-se quem puder começar a gritar. A fina ironia do conceito e a forma visual como foi detalhado obtiveram resultado interessante.

No mais, a quantidade de material gasto para chamar a atenção para a era de consumo turbinado, desperdício e perda de identidade de bairros tradicionais da cidade que agora entram em choque com turismo 3.0 por atacado são uma contradição por si só. Gilles Lipovetsky (La société de déception, L'écran global, Les temps hypermodernes) ficaria chocado com os kilos de material que vão para o lixo hoje à noite quando a turma do festival empacotar tudo e, junto das pouco competentes e nada simpáticas assessoras de imprensa do evento, celebrarem a esperança que ainda resta de acordo com o filósofo - com muita pizza e poro.

1 > Sin, hay contradicciones y, por lo tanto, queda esperanza. A cidade começa a produzir milhões de folhas para a primavera e, olhasó, Penélope estreou e enquanto o ônibus não vem, miramos seu rostinho grandão nas cores do sombrio Abrazos Rotos, drama fresco que acaba de sair do forno almodovariano.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Cildo no Macba - e no Viamundo

Muito bacana o retorno dos ouvintes sobre o Viamundo de ontem. Se você perdeu, pode ouvir agora minha matéria sobre a exposição de Cildo Meireles aqui em Barcelona.




E aqui comentários do diretor do Macba sobre a mostra (produzido pelo próprio museu):

quarta-feira, 18 de março de 2009

EME3 começa amanhã de olho no novo

Vou conferir de perto um dos acontecimentos mais interessantes do calendário de eventos de Barcelona. O EME3 parte da arquitetura para discutir propostas amplas de mudanças na sociedade. Em sua quarta edição, vem se firmando como relevante plataforma de debate e lançamento do novo - para quem não está por aqui uma visita ao site vale a pena.

terça-feira, 17 de março de 2009

O neto do anarquista sonhava em ser dentista



"O neto do anarquista não é anarquista, é filho de advogado ou dotô em linhas de continuísmo. É a contradição do que não percebeu que o esquema, em seu caso, era correr por fora, e não pular dentro. O autêntico anarquista não pode ter antecessores ou sucessores sob o risco de estar abrindo mão do elemento primordial de sua cruzada: o rompimento (...) e o efêmero." (in Gene Clash, vol. III ¶1º)

Machine Time: Mais um içado ao Olimpo?



O vídeo acima é resultado da proposta surreal de Mark Ravenhill e sua tentativa de iniciar uma revolução de cinco minutos - que jamais aconteceu. Um texto do colaborador do Guardian incitou leitores a criarem uma vídeo resposta no YouTube e Dominic Currie foi o vencedor. O prêmio: um estágio-empurrão no Channel 4.

A história toda nasceu da percepção de Mark de que toda essa revolução silenciosa (ok, já chegou nas ruas, mas via celulares, não cartazes e protestos) das novas (?) tecnologias carrega uma contradição não menos silenciosa, mas igualmente notável.

A de que grande parte dos usuários de tais mídias estão ali para relembrar desenhos animados da infância, vídeos trash dos anos 80, pesquisar suas origens em árvores genealógicas virtuais e por aí vai - ou seja, o novo como ferramenta para escarafunchar o passado (!).

Os fins e os meios - Loteria é roleta russa?



No jornal, a dona do buteco presa por cinco anos. Primeiro julgamento com pena tão longa por perturbar o silêncio e sono alheios. Na notícia seguinte, o programa incentiva o telespectador a visitar uma liquidação de armas promovida pela polícia na cidade. A imagem mostra milhares de garruchas, pistolas, baionetas e parafusetas - todas devidamente etiquetadas com preço. Uma pistolinha (!), ora, qualquer um pode levar por diez euritos. Sorte que a comerciante foi presa, senão hoje ia ter tiro no meio dessa loucura. Olé, anunciaram a chegada do touro!

Tem surpresa no Forn de Pá

Entrevista maneira com Wagner Pá no sábado. Sai em breve (antes do lançamento, esperamos!).

domingo, 15 de março de 2009

Fracasso de público na maior galeria do mundo


Monumentalidade e reflexões sobre o efêmero são destaques de espaço que, apesar de jamais cobrar ingresso, segue ignorado solenemente por público adulto

A política da galeria é puro marketing de guerrilha. Visitas gratuitas desde sempre e para sempre, ausência proposital de curadores e um horário de abertura no mínimo exótico: funciona 24 horas por dia. Mesmo assim o raro jogo de formas, texturas e cores em exibição na maior galeria de que jamais se ouviu falar não atrai os olhos do grande público. Especialistas em instalações acreditam que a galeria das nuvens, apesar de estar bem em cima de nossas cabeças, fracassa porque hoje, mais do que nunca, adultos olham para frente - jamais para o alto.

Mas nem todos deixaram de lado o único passatempo que não se repete nunca. Para esses, aliás, a atividade é mais que passatempo. "Acreditamos que nuvens são para sonhadores, e contemplá-las faz bem a alma", afirma o jornalista e escritor inglês Gavin Pretor-Pinney no manifesto da Sociedade de Apreciação de Nuvens.

Essa curiosa associação já registra 1.200 membros (isso em 2005 quando escrevi esse texto, agora são 14.313!!!), a maioria no Reino Unido, mas também na Nova Zelândia, Holanda, Estados Unidos, Argentina e Brasil. Eles recebem certificado, emblema e uma missão: difundir o hobby que é uma das mais antigas formas de contemplação do homem.

Sua principal arma: publicar no site da entidade fotos incríveis, capazes de converter
qualquer um em observador de nuvens. "Se mais pessoas estivessem atentas aos humores da atmosfera, compreenderiam melhor como o mundo funciona", acredita Gavin, que no ano passado viajou até os confins da Austrália para observar uma nuvem única. A Morning Glory forma-se na primavera e pode chegar a milhares de quilômetros quadrados de extensão. Com sua forma de rolo, essa gigante viaja a 60 km/h, atraindo gente que, como Gavin, a "surfam" em aviões planadores.

Bem antes desse "esporte" pouco conhecido, sociedades antigas que sobreviviam da terra sempre estiveram de olho nas alturas. E mesmo o homem do campo contemporâneo, antes dos problemas de aquecimento global ficarem tão evidentes, olhava para cima antes de lançar a semente ao solo.

Mas o ritmo da cidade nos faz esquecer essa simples diversão. É verdade. Quer ver? Olhe de novo as fotos que você tirou naquele passeio ao sítio de um amigo no final de semana. Ou na primeira viagem a uma praia ou montanha. Há grande chance de haver alguma que destaque o céu. Se houver, você já pode se considerar um pretenso membro da Associação de Apreciadores de Nuvens.

Isso mostra nosso pendor natural para adorar os altos-cúmulos, aquelas nuvens que formam o "céu encarneirado". "Mas nem sempre é preciso dar nome às coisas, às vezes é melhor apreciá-las sem compreendê-las", lembranos Gavin, que está escrevendo um livro sobre o tema.

Se uma das características mais surpreendentes das nuvens é a abstração em movimento, então de fato o melhor é olhar, e nada mais. Olhá-las sempre. Sair no fim de semana e deixar um recado na geladeira: "Estou nas nuvens". Olhá-las obriga a parar. Reduzir o ritmo. Respirar. Aos poucos, a leveza com que vão e vêm envolve. E aí, depois que os pés saem do chão e desaceleramos, enxergamos sua grandiosidade. A grandiosidade da natureza, que nesse caso lembra delicadamente nossa finitude e pequenez.

O poeta Ralph Waldo Emerson (1803-1882) via o céu como a maior galeria de arte. Portanto, reverenciar as nuvens é um elogio à criatividade, à sensibilidade, ao desprendimento. 


Espetáculo sem fim

À noite, apesar de as nuvens ainda estarem em cena, os atores principais do céu são as estrelas, planetas, cometas. O espetáculo dessa trupe tem encantos diferentes dos iluminados pelo Sol.

Para vê-los bem de perto, uma vez por mês o Observatório Astronômico Frei Rosário, da Universidade Federal de Minas Gerais, aponta seus telescópios para o espaço e abre suas lentes ao público. Atrai dezenas de pessoas que vão até lá ficar mais perto das estrelas.

O observatório fica na Serra da Piedade, em Caeté, há 50 quilômetros de Belo Horizonte. Do alto de seus quase 1.800 metros, a vista é deslumbrante a qualquer hora do dia. Mas nas noites de observação astronômica formamse insuspeitas filas diante de telescópios profissionais e amadores.

Aos poucos, pais e filhos, amigos, casais de namorados ou solitários vão descobrindo um universo inacessível a olho nu. Lá, os telescópios ultrapassam a camada de luz artificial e poluição que encobrem o céu das cidades. E provam que, visto assim, o céu é sempre uma novidade excitante.

Apontar nossa visão para o alto é também olhar para dentro. A dinâmica do céu é espetáculo que não tem intervalos, verdadeiro convite ao deslumbramento. E lembre-se: 24 horas por dia, a entrada é franca.

VISITA GUIADA:
. Conjuntos visíveis de partículas minúsculas de água ou gelo, ou de ambos, suspensos na atmosfera. É assim que a ciência explica as nuvens.

. A mesma nuvem é vista de várias maneiras. Além da quantidade e cor de luz que ela recebe, depende de onde você a observa.

. Os dez tipos básicos de nuvens são: cirro, cirro-cúmulo, cirro-estrato, altoestrato, alto-cúmulo, estrato, estrato-cúmulo, nimbo-estrato, cúmulo e cúmulo-nimbo.

. Nuvens são vistas de qualquer lugar. Mas sempre que puder, busque espaços amplos e abertos, que permitam uma visão mais grandiosa.

. Belas mudanças de cores das nuvens ocorrem próximas ao pôr-do-sol, um dos momentos mais propícios para largar tudo e olhar para cima.

"Nuvens são a manifestação mais igualitária da natureza, já que todos podem dispor de sua fantástica visão."
Do manifesto da Sociedade de Apreciadores de Nuvens

"Olhe para cima, maravilhe-se com a beleza efêmera, e viva a vida com a cabeça nas nuvens!"
Do manifesto da Sociedade de Apreciadores de Nuvens

"Acreditamos que nuvens são para sonhadores, e contemplá-las faz bem a alma."
Do manifesto da Sociedade de Apreciadores de Nuvens

"O céu é a maior galeria de arte"
Ralph Waldo Emerson (1803-1882), poeta

"É estranho como as pessoas em geral sabem tão pouco sobre o céu. Trata-se da parte da criação em que a natureza fez mais para agradar o homem, com o propósito único e evidente de falar-lhe e ensinar-lhe, do que em todas as suas outras obras. E é exatamente a parte à qual prestamos menos atenção."
John Ruskin (1819-1900), escritor e crítico 


PARA VIAJAR
Instituto Nacional de Meteorologia http://www.inmet.gov.br/
Observatório Astronômico Frei Rosário (UFMG) http://www.observatorio.ufmg.br/
Sociedade de Apreciação de Nuvens http://www.cloudappreciationsociety.org/

(2005, enquanto olhava para o céu)

quinta-feira, 12 de março de 2009

10 palavras essenciais em Espanhol


Lições de Español (nível elementar):

Ahorrar
- Verbo intransitivo, impraticável e inflamável;

La Crisis en España - Os lábios inquietos de Tamara na TV, que jamais se decide se beijará o sapo ou o boi;

Desempleo - Única obra concretista de Dalí em exibição na badalada Pensión Clipper;

Franco - Antiga moeda de troca, perdida num passado negro e hoje utilizada por bêbados e loucos;

Paro - O verbo das multidões, do hombre de la calle e da hipoteca da mãe solteira; 

1€ - Preço de uma rapidinha de primeira na Rambla nas tardes de segunda; 

Corte de pelo - Último pacote do governo Zapatero (oiga, deixa o México de lado que ainda não chegamos lá);

Don Simon - Vinho preferido do hombre-comun, envasado em caixas tipo tetrapak, servido com paracetamol pensa e cueca-cuela;

33º - Temperatura oficial em Barcelona mostrada pelos termômetros das áreas turísticas (no verão e no inverno). A temperatura ordinária real geralmente é de 18º (com exceção dos dois dias em que se faz verão).

Coño - Flores típicas de Barcelona, quem as recebe de um amante terá sorte no amor e ganhará o El Gordo (atualmente em falta no mercado da Boqueria).

Gazpacho takeaway

A fila do sopão já dá três voltas ao redor do globo.

Por aqui, é duro ver os aposentados que antes do krash já dependiam do sopão agora entrarem na fila com potes de plástico nas mãos.

O gazpacho takeaway já é a única refeição do dia para muitos. E olha que o touro ainda não chegou.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tipos no paro

A máquina de escrever

Em protesto contra o frio

Passou a manhã calada

Dizendo qwerty.

domingo, 8 de março de 2009

Blu, o homem por trás do tubarão gigante em Barcelona

Efeito Tropicália rompe clichês do movimento na caótica Barcelona




Depois de virar balzaquiana e ser tema de uma marcante exposição em Londres em 2006, a Tropicália agora chega a Barcelona como uma revolução cálida e amável onde se pensa, se dança e se celebra.

Até o mês de maio, o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona promove “O Efeito Tropicália”, reafirmando o interesse europeu pelo movimento que foi divisor de águas na cultura brasileira.

Se no Barbican de Londres a tentativa de reunir Os Mutantes e a participação de fundadores do movimento foram pontos altos, o Macba de Barcelona propõe uma agenda mais lado B.

Com um programa revelador dos desdobramentos e influências mais contemporaneos do Tropicalismo, a série de shows homenageia Rogério Duprat sem deixar de fora as distorções da bossa de Arto Lindsay.

E artistas considerados pelos curadores a expressão do novo som brasileiro, como Kassin mais dois, são o prato principal oferecido pelo Macba.

Tem também Rebeca Matta, que mostra pela primeira vez em Barcelona seu som que vai muito além das influências de Tom Zé e Chico Science no que seria a expressão perfeita do canibalismo estético proposto pelos tropicalistas.

E a participação do paulista radicado em Barcelona Wagner Pá é mostra das reais intenções de “O efeito Tropicália”. Figura chave no agito da cena multicultural da cidade, o trabalho de Wagner, verdadeiro embaixador do som brasileiro por aqui, é o tropicalismo contemporaneo na prática.

O rompimento e vanguarda do Tropicalismo ficam a vontade na geléia geral que é a Barcelona contemporânea. Por aqui, ninguém é estranho a uma já estabelecida cena do som brasileiro.

Mas para os ouvidos de um certo público Europeu só acostumado ao som de bossa nova mainstream e suas versoes lounge cool a mostra é oportunidade única de entender onde tudo começou.

“O Efeito Tropicália” certamente romperá com percepções limitadas e estabelecerá novos horizontes para o som brasileiro por aqui.

sábado, 7 de março de 2009

Homem que copiava vende fiado a partir de amanhã



Aqui no Raval, prevenir é melhor que remediar (!). Hoy no se fia, mañana si.

E no cartaz maior o gerente do cyber café (não se diz mais cyber café) deixa claro que cópias de documentos, principalmente passaportes, só saem dali com o carimbo "cópia" (opa!).

Será que o aviso foi visto pela quadrilha de falsificadores presa dois quarteirões acima há menos de um mês? Improvável - as dezenas de passaportes apreendidos não levavam (nem na frente, nem no verso), qualquer sinal que indicasse o reconhecimento de seu status pouco original.

Segredos da dieta mediterrânea seduzem gregos e baianos em Barcelona



A leve e saudável dieta mediterrânea, que vem causando frisson por aís, tem interpretações ultra populares em Barcelona.

Sem qualquer cerimônia, chefes turcos, indianos e paquistanêses melhoram a receita da longevidade a cada dia e alimentam as massas com seus quitutes giratórios, baratos e mais que satisfatórios.

Na foto, um exemplo de saladinha orgânica (frango e carneiro mix).

Puristas reclamam de tamanha liberdade gastronômica alegando que, ora, döner kebabs e afins são tudo, menos capazes de fazer aposentados europeus viverem alguns anos a mais.

A polêmica não me afeta e sigo cliente dos simpáticos paquistanêses ali da Rosselló, sempre solícitos ao trazerem seu durum e o tubo de ketchup. A credibilidade dos caras é tamanha que jamais foram afetados por rumores sobre a origem duvidosa da carne, ao contrário de outras multinacionais também no ramo jungle junkie global.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Bilíngue é a mãe: Eu quero meus acentos e não dou desconto!

Ora pois, e depois do último (?) acordo ortográfico do Português, em que pé ficamos os que estamos além-mar e valemo-nos do Portunhol para nos virar?

Onde enfio (enchufo) agora minhas exclamações invertidas, sem começo meio ou fim, e os tils em cima do que vier na cabeça?

Não se esqueçam de nós e nossa confusão na enorme reforma, acordo, acórdão. E façam com que o Manuel aperte as mãos do Pablo em alto e bom som.

Señores, nosso querido Portunhol não só tem status de língua Pária, mas já é o idioma culto e grosso e bengala de rotinas de pão pão queijo queijo do qual não abrimos mão.

Como diria o Esperanto, língua na prática é troço sério. E, afinal, não queremos ver a nossa em pelegas anarco-lingüísticas por aí com qualquer um. Portanto me devolvam meus is antes que os pingos caiam por terra!

A crise de muitos é para poucos: Em lugar de olé, sangria

O sistema de seguridade social espanhol vai muito além de aparato da burocracia social-democrática européia. É somente à luz de interpretações sócio-econômicas profundamente enraizadas no cotidiano do homem-comum e suas preferências (Estrella Damn, torada, pingue pongue de rua y el Barça) que se pode tangenciar os aspectos vários de sua dimensão mais profunda.

A filosofia que emana do monótono (i.e., parados, uní-vos!) era privilégio de 3 em cada 5 catalães antes das o(O)limpíadas de 92 (sim, Freddie e Montserrat). E agora beira novamente recordes olímpicos (cola = fila).

E é do homem(mulher) comum, daquela senhora de bigode no Callejeros, programa ao gosto do Caco Barcellos, que mostrou hoje como o espanhol chega ao fim dos meses nesses meses de crise, que nos vem a síntese de como se sente nesse exato momento o pueblo español: "Muy jodidos!"

O que, numa síntese imagético-social desprovida de sarcasmo ou segundas intenções, traduz-se simplesmente como a época em que o olé deu lugar a sangria.

En Catalá



O rabisco "En Catalá" significa, para o bom (e mau) entendedor, que na capital da Catalunha meias palavras, por enquanto, não bastam.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Souvenir español: Imagens de um país quebrado


A CAVA - Oh, a França logo ali em cima e mesmo assim se brinda(va) com Cava, já que a Champagne, babe, disse au ®evoir...


A COVA  - 150.001 novos (!) desempregados juntam-se às fileiras do paro (à toa) . Na TV, cenas da polícia española esfolando um hombre-jámon no chão (não está claro se o mesmo é parte da recém formada gangue de 3,5 milhões de desempleados).


E a CURA... E se o genérico não é de 1000mg, ao menos tem nome simpático. Tomo dois, esperando que cumpram o que promete a caixa. Olé mané!

Gorjeios em azul e negro

Não demora muito e os ícones do tuítter começam a se bicar ali embaixo.

All piste?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Viamundo estréia hoje na Brasileiríssima

A Inconfidência FM 100,9 – mais conhecida como Brasileiríssima – dá sequência à comemoração dos seus 30 anos com o lançamento do programa Viamundo, que estréia às 20h05 de hoje.

Revista diária de cultura, sob o comando da jornalista Daniella Zupo, o programa reúne um time de correspondentes internacionais e comentaristas exclusivos – como a historiadora Mary Del Priore, o filósofo Renato Janine Ribeiro, o crítico de música erudita Irineu Franco Perpétuo e o crítico de cinema Marcelo Miranda – para avaliar a produção artística e os fenômenos culturais no Brasil e no mundo.

Moderno por excelência, o Viamundo irá repercutir e preparar suas reportagens por meio de seu blog. O endereço na Internet será o espaço onde o ouvinte pode se informar mais sobre os assuntos e participar dando suas opiniões. A programação musical será essencialmente brasileira e conectada com a produção de agora – os artistas novos e os que os influenciam.

O Viamundo apresenta uma série de atrações em sua estréia. A jornalista Mila Burns fala sobre seu livro, que investiga a vida e a obra da sambista Dona Ivone Lara. O crítico de cinema Marcelo Miranda explica a vitória de “Quem quer ser um milionário?” no Oscar 2009.

E eu, Vitor Munaier, correspondente do Viamundo em Barcelona, digo o que achei da exposição comemorativa da Tropicália, promovida pelo Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba).

Viamundo será sempre assim: jornalismo cultural com opinião e personalidade.

Viamundo: de segunda a sexta, de 20:05h às 21h

Na Rádio Inconfidência, FM 100,9 ou pela internet em tempo real.