sábado, 28 de fevereiro de 2009

Céu nublado e ressaca de Carnaval

Se em tempos normais as baterias daqui não gorjeiam como as de lá, imagine na Quaresma...

Entre os surdos e tamborins, havia até agogô.

Mas a bateria que passou de raspão pelo Raval esta tarde entrou muda e saiu calada.

Até que tentaram abrir com alguns ritmos brasileiros, mas depois de meia hora de chove não molha, conseguiram, como sempre, me desapontar.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Óvulo não precisa de passaporte

Cerca de €1000. Em busca dessa recompensa, as brasileiras e equatorianas estão no topo da lista de doadoras de óvulos na Espanha.

Enquanto a sociedade espanhola passa por mudanças profundas e ainda tem um longo caminho a percorrer na forma como lida com imigrantes no dia-a-dia, a imigração genética, como toda novidade nessa área, nos oferece possibilidades interessantíssimas para reflexão.

Uma delas: Será que as mulheres espanholas descartaríam óvulos se soubessem sua origem, assim como descartam muitos imigrantes no mercado de trabalho simplesmente por preconceito?

Bem, no fim das contas muitas das imigrantes na verdade juntam-se às filas de doadoras por ser esta a única alternativa de acesso à renda que lhes ocorre - os donos de negócios que irão comprar seus óvulos recusaram-lhe trabalho, lembra?

Óvulos, pela sua natureza minúscula, não precisam de passaporte e gozam (!) do direito de ir e vir melhor que ninguém. 

Budapeste

Quem será o leitor de Budapeste que passou por aqui hoje? Os tipos móveis começam a espalhar-se...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Do alto das favelas as cidades são mais belas - Aí e aqui

Um conhecido outro dia comentava que os bairros de classes baixas situam-se no subúrbio de Barcelona.

Ao contrário do Rio, onde a mistura é a mística, aqui a ralé não pode vir às praias do centro a pé.

Mas olhando bem da janela do escritório o barraco no alto do prédio em um dos endereços mais caros da cidade me lembrou de que tal separação não é tão pura.

Da rua não se nota, mas são comuns por aqui os barracos construídos ilegalmente na cobertura dos prédios.

Claro, algumas reformas aprovam a construção de mais três, quatro andares em prédios antigos - o que invariavelmente é feito de maneira descuidada, ferindo a identidade de edifícios muitas vezes especiais.

Mas na maioria dos casos estamos falando de barracões mesmo - varalzinho na frente, telhas de amianto e antenas de TV tortas no alto.

Bem, se se contabiliza a vasta população "de cobertura" espalhada igualmente por bairros ricos e de classe média da região central, não se chega nem perto aos números das Rocinhas do Brasil.

Mas o fato é que qualquer ilusão de pureza urbanística só atrapalha uma visão mais acurada das verdadeiras relações sócio-urbanísticas que se estabelecem na Barcelona cotidiana.

E por falar em visão acurada, aqui, como no Rio, é das janelas tortas dos barracos que se desfruta das vistas mais deslumbrantes da cidade.

O pesadelo de Orson

http://www.repubblica.it/2008/12/gallerie/tecnologie/google-street/1.html

Text is linear...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Penélope Cruz participa de carreata no Centro de Barcelona

Atriz vencedora do Oscar acenava para a multidão nas Ramblas e parecia "muy contenta", segundo um ex-novio que seguia junto à comitiva no caminhão do Corpo de Bombeiros da España.

"O Oscar é bom para nosso país (o deles)", disse o motorista do caminhão detrás de seu bigode Español e debaixo de seu capacete de bombeiro.

Após percorrer as principais ruas da cidade, que parou para receber Penélope, a carreata seguiu para Sitges, villa de pescadores convertida em locação para festivais e eventos GLS. Alí, a atriz-estrela encontrou-se com Pedro, o Almodóvar, e beberam cava Codorniu até que a noite caiu.

¡Salud¡ y ¡Olé!

Pegos com a boca na botija no aeropuerto

A polícia não pôde celebrar o primeiro transplante de fígado na Espanha, como todos nós. Estavam ocupadíssimos prendendo cinco (6) hombres que tentavam regressar a seu país de origem (Latino-América) depois de cometerem um assassinato (outro). Usaram de violência e acertaram a vítima na região do fígado.

Nota do tradutor: O órgão transplantado e aquele esfaqueado não são parte da mesma história.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Imponência do gótico catalão é interrompida por flash de turista

Santa María Del Mar

E o padre educadamente, antes de dizer Amén, pediu a todos os turistas que parassem de olhar para o céu quando a missa começasse (local: Igreja Santa María del Mar, asa norte, perto da bela turista de vermelho que representava alí o outro lado).

"Yo, souvenir?"




Nestes dias em que o inverno já não castiga mas o verão ainda é pudica lembrança, as donas (ah!) catalãs ficam toda recatadas ali, na vitrine da loja de souvenirs, deitadinhas com cara de Botero escondendo a tatoo reveladora que diz, num escracho, Made in China.

Flagra do desfile da Mangueira em Barcelona





Bem, por aqui na verdade ninguém viu a Mangueira e os únicos números que se ouve na TV não são da apuração das notas das escolas de samba, mas dos meninos de escolas públicas lendo os prêmios nos sorteios das infinitas loterias Españññolas (me amarro num n com til).

Então o agito do domingo ficou por conta de gatos pingados fantasiados, bandos de bêbados ingleses sem grana pelas ramblas e jazz ao vivo. 

Ainda descubro o nome desse trio - tocam sempre pela cidade velha e meu favorito é o senhor do trompete, que manda muito bem ali do seu banquinho (bastante visível no vídeo).

Furando o vermelho

Os taxistas de Barcelona são um dos melhores termômetros da crise que abate a cidade - e o planeta Vênus.

Sr Fulano, motorista que outro dia me levou de ponto A direto a ponto B, me dizia que antes (antigamente) gastava €500 e poucos (!) por mês em gasoleo.

Agora gasta menos de €200.

"Las gasolineras estan paradas."

Mas o pior foi ouví-lo dizer que não acredita que as melhoras propostas para meu (digo, nosso) bairro por aqui vão funcionar no médio prazo. "Hombre, este barrio és un antro e estas jodido!", comentou, sem perder a classe mas furando o sinal vermelho.

3 questões práticas sobre a água (da série Listas e Enchufes Sem Fim)

Como um cidadão médio (con ou sin papeles) mata a sede em Barcelona:

1 . Sobe cinco andares (não, não há elevador...) carregando um galão de 8 litros de água;

2 . Encontra-se com o dito galão toda vez que tem sede e apavora-se ao ver que seu conteúdo evapora-se;

3 . Poucos dias depois, desce com o galão vazio para "enchufar-lo" no devido container de reciclagem, lá na rua;

4 . O ciclo da água recomeça > Repetir passo 1.

p.s. Hombre, nunca vou me acostumar com a palavra - nem o gesto de, se imaginado em Español - ... enchufar!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Do direito de ir e vir

"Voltar?", respondeu o estrangeiro perplexo. "Voltar pra onde?"

Carnaval é a festa do polvo



Palhaços, esquizofrênicos, fantasistas, libertários e libertinos começam a sair pelas ruas de Barcelona no que no Brasil chamaríamos de grito pré-carnavalesco.

que aqui não gritos - ainda.

Justiça seja feita: o grupinho de adolescentes andando pelo Centro bem que se esforçava com a bateria improvisada.

No mais, é ver para crer.

Enquanto a crise vai virando the greatest of the greatest depressions, alguns passam a hora do almoço apostando nas raspadinhas enquanto o bocadillo não vem.

Ganha-se umas, perde-se outras - e apesar de vir a hamburguesa, o prêmio de €10.000 nunca chegou.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Segunda Braba

Moritz

Os mancos

Os bêbados

e as mulas

falcatruas


Todos juntos

ali

na rua

A engrossar

as fileiras do paro.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Confissões catalãlãs

"Nunca fui poeta!", bradou o poeta global no auge da Web 2.0.

Barcelona-sem-fim




Toda cidade precisa

de duas coisas:

gente e calçadas largas.


Em Barcelona, toda (a) gente.


Nas ramblas das madrugadas

das mulatas sem samba sem papéis

batedores de carteira de carteira assinada

dos okupas desocupados


É nas ramblas da estátua viva melancólica

é ali na boca de lobo

bêbada de mil litros de cerveja quente

indigente de além mar de mares muito além


É onde Barcelona sem 

princípios

meios

e fins.


(clica na foto lá em cima e veja bem) 

Nem tudo que reluz é o rojo dos tintos




Sem querer cair no clássico lugar-comum "isso é coisa que acontece no Brasil", confesso que a primeira reação que tive foi "mas isso é coisa que acontece no Brasil". 

Hombre, lo que passa és que aqui também. 

domingo, 8 de fevereiro de 2009

De ouvido nos pakis

Os paquistaneses, comumente chamados por aqui de pakis, estão no ar.

Pakcelona já atravessou periodos difíceis mas continua transmitindo como uma espécie de rádio favela: tem causa, seguidores e trabalho para mostrar.

Minha vizinhança ouve diariamente. Eu tentei, mas não entendi nada.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Oficina de tipos (citar fonte)

Imigrantes ilegais são refugo da globalização

Pelo absurdo de seu cotidiano expresso em olhares que dizem tudo, não serão os paupérrimos imigrantes ilegais o equivalente aos escravos de sociedades já extintas? O conceito de classificação de cidadania com base em carimbos e livretos coloridos é de um surrealismo cruel.

Aquele que compra papéis falsos experimenta a mesma ansiedade e força-se a um ato de fé semelhante ao do ateu (!) que comprava indulgências para experimentar fiapos de uma esperança rota e podre.

Enquanto isso, containers gigantes de mercadorias (feitas por mãos que aqui seriam consideradas inadequadas, infantis, ilegais) cruzam os sete mares bravos como descobridores do velho mundo.

Susi, africana de 36 anos, pode morrer de tristeza em Barcelona!

Desde que Alícia faleceu no ano passado o sofrimento de Susi tem aumentado visivelmente.

Especialistas dizem que o fato de balançar sua cabeça desanimada de um lado ao outro e de alimentar-se de suas próprias fezes são sinais inequívocos da profunda depressão que poderia levá-la a um trágico fim antes do verão chegar.

A solução, dizem entendidos, seria providenciar uma casa de 1000 metros quadrados para a africana.

Susi é uma elefanta.

Seus conterrâneos africanos, por aqui, também sofrem de depressão profunda.

Não sei se os homens vindo das profundezas da África alimentan-se da mesma maneira que Susi quando em dificuldade. Mas chegam aqui como os escravos chegavam ao Brasil, vendem cópias falsas de bolsas Gucci e Prada na avenida mais chique da cidade, correm da polícia.

São comumente chamados de imigrantes ilegais - e jamais imaginam que alguém possa lhes sugerir uma habitação de 1000 metros quadrados como solução para deprê profunda.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O gigante, o anão, o bizarro

Hasta luego, diz a anã na TV pública, que olhaí, já mostra um outro que (¡Jesus!) já mede 1.60!

Serviçø: Como crescer num país em crise e outros contos da carocha española.

Peixe queimado é calça curta do espanhol

Não passa uma semana em Barcelona sem que um apartamento pegue fogo. É rotina ver os caminhões de bombeiro pelas ruas indo atender mais uma dessas ocorrências, ou assistir a reportagens na TV mostrando gente que perdeu tudo que tinha consumido pelas chamas em poucos minutos.

Se não chegamos a tempo hoje, poderíamos ter entrado para as estatísticas, já que os espanhóis foram ali rapidinho - e deixaram a panela queimando no fogo baixo, espalhando uma fumaça fedorenta pelas escadas do velho prédio.

Dessa vez, só o peixe perdeu tudo que tinha consumido pelas chamas.

Fim da linha

A última estação da linha vermelha (west), não importa em que cidade esteja, sempre traz revelações no abrir das portas do vagão em que viaja às três da tarde de um dia de semana qualquer.

A cidade subterrânea

Às vezes (sempre) caminha-se muito debaixo da terra (?) em Barcelona, aqui.

Ao longo de um ano, um cidadão-médio que viva na cidade condal vai passar cerca de 32 horas debaixo da terra indo de uma estação de metrô a outra para trocar de linhas (citar fonte).

Ao longo dessas 32 horas, terá deixado de:

a) Ouvir o som de 72 gaivotas voando baixo rumo a Barceloneta

b) Sentir o vento frio vindo dos Alpes soprando na sua cara

Em compensação, se tem sorte o cidadão-médio (e o terá algum dia?) pode topar com o chinês que de tempos em tempos posiciona-se no meio do túnel mais comprido da cidade subterrânea e toca música oriental mística num instrumento ainda não inventado.


A influência de tubarões gigantes (made in China?)



Dias de explorar armas não convencionais de comunicação em Barcelona. Projetos inclassificáveis, pesquisa sobre a guerrilha da comunicação e etc e tal. Laboratório de idéias.

De eleitos e abducidos

Do alto da espaçonave se avista o mar.

Para ali se chegar toma-se o elevador até o 29º andar.

A espaçonave, porém,

não

gira.

E há que ser convidado para se embarcar.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A crise acabará com tudo aquilo em que crê.



O rabisco numa rua central de Barcelona diz tudo. Gostei do cuidado do autor ao colocar o ponto final - ele também não te diz algo?

Para autor rastro negro da máfia mancha Barcelona




Roberto Saviano esteve hoje em Barcelona discutindo a repercussão de sua obra como ferramenta fundamental de denúncia contra o poder cruel das máfias na Europa - e também da condenação em um nível pessoal como o preço caro que paga pela repercussão monstruosa de Gomorra como livro e, recentemente, película.

O autor participa da programação do festival Novela Negra, que acontece essa semana e promove, entre outras atividades, uma série de debates e mesas redondas sobre o gênero literário.

A Espanha e em especial Barcelona, alertou Saviano, têm um papel bastante ativo na circulação de drogas e capital mafioso como ponto de apoio fundamental para as atividades ilícitas que formam uma das "indústrias" mais lucrativas do planeta.

A cada dia "Gomorra", que um amigo chama de a versão italiana de "Cidade de Deus", se estabelece como um clássico contemporâneo dos filmes de máfia. E seu criador, cercado de guarda-costas, no principal ativista - mesmo que involuntariamente - de denúncia contra o terrível impacto das mafias nas comunidades em que atuam.

Autoemoción!



Juro que a Seat não participa do AdSense por estas bandas - nem quando celebrar seus próximos 25 anos...

Mas já que ninguém aguenta (¨) mais me ouvir falando desse comercial, coloco o link aqui e não se fala mais nisso.

Brilhante!

(No Logo thanks version abaixo)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Batida no Raval não encontra bomba mas mídia joga culpa na Al Qaeda (!) - Shows cancelados no Círculo Místico do Raval



Depois de o circo midiático deixar o Raval em paz, os imigrantes (legais, ilegais e os demais) voltaram a regogizar-se (opa!) nos inferninhos de kebab (não ver foto!).

Ora, terrorismo. Muitos passaportes apreendidos, apreensão de vizinhos (senhoras catalãlãs com dor de cotovelo por passarem o dia (oh!) debruçadas nas varandas).

Nenhuma bomba. Nenhuma!

E o bairro segue prestando-se a laboratório visceral para novos arranjos sociais que não cabem no MySpace (imigração + oh ilícito + putas afrikanas + kebab + narguilés fedorentos + sk8 + vintage shops + botero + guardia civil + passeios imundos de bosta de cachorro).

Ah, mas o italiano que nos roubou a carteira continua solto, o danado...

Torço para que depois dessa balburdia o louco do vizinho (paro forever) não grite as três da manhã e o Raval tenha um merecido descanso.

Depois de ter sua imagem mais uma vez arranhada por unhas mais afiadas que as do gato de lata é o que se espera por aqui anyway(s).

(P.s. O gato de lata! Esse sim, gordo, impassível, sempre a espreita ali em frente ao fish and chips...)

(Aqui, cenas da vida co-tidiana do bairro eu-ropeo pero que no mucho).

Brinde ao silêncio (Chéri!)



Foi eleito o melhor correspondente de cultura por serviços prestados a (crase?) so-ciedade. Há anos no exterior, ignorava solenemente o que todos considerariam trunfos sacando daí seu maior furo (!). O conjunto de sua obra, agora premiado - e carimbado como um passaporte - se chamava silêncio.

"Meu maior orgulho", disse, antes de ocultar-se em outro prolongado período de reclusão, "é ter pou-pado a todos vocês my sweeties."."."

Turbo Outsourcing 3.0

Crise é quando você chega ao trabalho preocupado se será despedido e a empresa não estava mais lá (até o Manolo desaparece).

Barcelona em contagem regressiva para um mega forum de telecomunicações. Certo estou de que discutirão o Turbo Outsourcing 3.0.

Um prelúdio para briga de vizinhos (muy muy amigos)

E a cada dia se encurta a distância entre o global e o local. Entretanto é o nacionalismo que começa a servir-se de atalho e prelúdio ao salve-se quem puder.

Se antes a etiquette do derradeiro azarado apagando a luz estava em voga, agora manda quem primeiro empunha a bandeira. Espanha, Inglaterra, EUA e, agora, vejam só, querem que consumamos só o que for Catalão.

Inauguramos (Davos e recebei-vos) a era do micronacionalismo digital: Eu só compro meu kebab aqui na esquina (mesmo que o Mohammed seja importado).

Poucos sabem qual é o rio da minha aldeia

O canal Barcelona TV estreou em grande estilo seu novo programa Música Moderna no mês passado.

"Pedrinha de Aruanda" (Andrucha Waddington, Brasil, 2007) revelou aos catalães a intimidade por trás das conhecidas vozes de Bethania e Caetano.

E surprendeu aos brasileiros desavisados que ligaram a TV no meio da semana para se distrair e acabaram se deparando com a deliciosa surpresa.

Creio que todos que ouvimos "O Tejo é mais belo" distantes dos rios de nossas aldeias sentimos o mesmo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um homem de b-rio


in barcelona

"Uma ayuda para jugar a las maquinas y hir de putas" (por Aisha).

made in Mendigos (homelesss)

Nem se compara as (no crase) multidões dormindo ao relento no Rio, mas todas as vezes que topo com morador de rua aqui em Barcelona me sinto mal. Ok, nenhuma novidade, quem é que se sente bem nessas situações? Mas se em Londres eles pelo menos têm seus cachorros ao lado, aqui além de existirem em número bem maior, normalmente estão sozinhos comendo seus sanduíches de jamón (a mortadela do Espanhol). Pode-se argumentar que pelo menos não estão passando fome, etc e tal. Mas cada vez que vejo um deles sinto duas coisas. A primeira é a confirmação mais uma vez de que nada melhor que um dia após o outro para quebrarmos pré-conceitos e ordenações imagéticas mentais irreais (positivas e negativas) sobre gentes e territórios (i.e., o caos respeita escalas, mas é global). A segunda é que dormir na rua, em qualquer lugar do mundo, não é sociologia. É uma bosta.

Bar Lobo, El Japonés e as melhores batatas (bravas, pero que no mucho)




O Bar Lobo El Japonés, ali (aqui) no Ra-Val!, um desavisado comenta no Flickr (no links allowed), poderia ser classificado como fashion-cool. Se soubesse não teria entrado. Mas depois que acertamos o vinho e vieram as batatinhas, tudo ficou numa boa. Ah, os calamares são excelentes, bem como os pescaditos. Tudo feito na hora, como não manda a tradição local. Chovia, como não se pode ver na foto.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Doughnut Catalão (aka Donut)

E depois de apontar e perguntar em Castelhano como se chamava aquele pãozinho, a atendente diz como se eu fosse idiota: "Ah, Donut?"

E digo a ela decepcionado, "Ah, vocês usam a palavra em inglês então..."

Ela sorri, sem graça, já que aqui em Barcelona o idioma Catalão é como futebol e política: não se discute para evitar confusão.

Afinal, donut aqui é donut mesmo.

Volto para casa na chuvinha fina da manhã de domingo com sensação de um a zero, relevando por hoje o fato de que aqui pegam seus pãezinhos com a mão que dá o troco.