sábado, 21 de março de 2009

Descoberta de petróleo no Centro, esculacho da polícia e previsões do futuro: A semana em Barça, babe



Onde tem petróleo, tem fogo. Não? Ora, olhe para o pessoal do leste. Aqui, o efeito do jorro (¡) do ouro negro bem no Centrão não só vai obrigar os camelôs itinerantes da estátua do Cólon a procurar sua turma, mas deixou a polícia (carinhosamente conhecida por Mossos d'Escuadra) em estado de espírito quarto-mundista.

Mas vamos por partes:

2 > Durante anos, do alto de torre de 60 metros ao sul das Ram-Ramblas (turistas + malandros + putanas + freedie + hash), a estátua de um orgulhoso Colombo tem apontado para frente distraindo a todos. Agora alguém resolveu olhar para baixo e encontrou petróleo aos pés do grande descobridor - convertido aqui em encobridor tras ocultar tamanha riqueza por anos. Calcula-se que quando as explorações atingirem força total, Barcelona vai abrir mão do turismo como indústria primordial para sua sobrevivência e dedicar-se full time aos combustíveis fósseis (uma mistura de gregos e romanos de safras antiqüíssimas, agora líquidos, negros e escorregadios).

4 > A polícia, os mossos, ora, desceram o cacete em estudantes, jornalistas e quem mais estivesse pela frente (ou por trás) em manifestação de universitários contra a polêmica reforma do sistema educacional Europeo (Plano Bologna, nada a ver com pizza, por enquanto). Investigações, arremesso de tintas, sindicatos e ¡oba-oba! são parte da repercussão que, como as filas do desemprego, não pára de crescer. (Links, links e mais links!)

7 >  O colapso como propulsor de revoluções sociais partindo de novas propostas arquitetônicas. Em sua quarta edição, o festival de arquitetura EME3 pretende investigar soluções inovadoras valendo-se de uma salada de instalações de estudantes (muitas) e a presença de pensadores (poucos) como o filósofo parisiense Gilles Lipovetsky (já disse, Paris, 1944).

Essa mescla de visões vem acontecendo no coração da cidade velha, o Raval, bairro que não é estranho a transformações radicais e demandas sociais urgentes em andamento.

Exageradamente considerado o Sonar da arquitetura, o EME3 numa primeira olhadela me pareceu mais uma competição de maquetes escolares (muito isopor e papelão, pouca inovação). A proposta que mais me chamou atenção foi a sarcástica idéia para uma cidade emergencial, a ser montada num transatlântico de luxo para abrigar cerca de 2000 pessoas quando a sociedade como a conhecemos finalmente pifar e a luz vermelha do salve-se quem puder começar a gritar. A fina ironia do conceito e a forma visual como foi detalhado obtiveram resultado interessante.

No mais, a quantidade de material gasto para chamar a atenção para a era de consumo turbinado, desperdício e perda de identidade de bairros tradicionais da cidade que agora entram em choque com turismo 3.0 por atacado são uma contradição por si só. Gilles Lipovetsky (La société de déception, L'écran global, Les temps hypermodernes) ficaria chocado com os kilos de material que vão para o lixo hoje à noite quando a turma do festival empacotar tudo e, junto das pouco competentes e nada simpáticas assessoras de imprensa do evento, celebrarem a esperança que ainda resta de acordo com o filósofo - com muita pizza e poro.

1 > Sin, hay contradicciones y, por lo tanto, queda esperanza. A cidade começa a produzir milhões de folhas para a primavera e, olhasó, Penélope estreou e enquanto o ônibus não vem, miramos seu rostinho grandão nas cores do sombrio Abrazos Rotos, drama fresco que acaba de sair do forno almodovariano.

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