quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Do alto das favelas as cidades são mais belas - Aí e aqui

Um conhecido outro dia comentava que os bairros de classes baixas situam-se no subúrbio de Barcelona.

Ao contrário do Rio, onde a mistura é a mística, aqui a ralé não pode vir às praias do centro a pé.

Mas olhando bem da janela do escritório o barraco no alto do prédio em um dos endereços mais caros da cidade me lembrou de que tal separação não é tão pura.

Da rua não se nota, mas são comuns por aqui os barracos construídos ilegalmente na cobertura dos prédios.

Claro, algumas reformas aprovam a construção de mais três, quatro andares em prédios antigos - o que invariavelmente é feito de maneira descuidada, ferindo a identidade de edifícios muitas vezes especiais.

Mas na maioria dos casos estamos falando de barracões mesmo - varalzinho na frente, telhas de amianto e antenas de TV tortas no alto.

Bem, se se contabiliza a vasta população "de cobertura" espalhada igualmente por bairros ricos e de classe média da região central, não se chega nem perto aos números das Rocinhas do Brasil.

Mas o fato é que qualquer ilusão de pureza urbanística só atrapalha uma visão mais acurada das verdadeiras relações sócio-urbanísticas que se estabelecem na Barcelona cotidiana.

E por falar em visão acurada, aqui, como no Rio, é das janelas tortas dos barracos que se desfruta das vistas mais deslumbrantes da cidade.

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